- Eita nóis! Já são 6:45 e a gente tem que apresentar o café! Ô Ricardinho, cadê o coador?
Ricardinho mal acordara e já estava uma pilha de nervos. Depois de uma noite mal dormida, já não tinha paciência para ouvir cobranças de seu monitor.
- Ah Jorge, e eu é que sei? Pergunta pro Mô.
- Que Mô???
- Mô braço - Disse Ricardo, fazendo o autêntico sinal de "banana para você"
- Ixi Ricardinho, o que foi cara? Parece que acordou com a pá virada!
- Antes tivesse pá pra virar meu filho. A vontade minha era sair cavocando buraco na unha e socá bambu no chão na base da bicuda de sola.
- Bicuda de sola?
- É, é. Dá bicuda na nuca do bambu com a sola da bota.
- Nuca do bambu? Se tá ficando loc... ah, deixa pra lá... a gente tem que fazer esse café logo cara! Eu acho que esquecemos o coador na sede. Acho que isso ficou por conta do Nicanor. Você sabe se ele trouxe?
- Ah véio. Vê isso com ele.
- E cadê ele?
- Tá lá fazendo o cupinzeiro dele.
- COMO ASSIM??? Que cupinzeiro?
- Cupinzeiro de fezes hehe...
- Ah palhaço, prefiro você mal humorado do que engraçadinho.
- Ah que isso... só tô querendo espairecer... você sabe que eu acordo meio aloprado. E sabe também que o Nicanor não falha com o cocozinho matinal dele.
- Tá... a gente tem que achar uma alternativa. Eu vou colocando a água pra ferver aqui, vai vendo se acha o coador.
- Ah Jorge, e o resto da molecada? Cadê aquela cambada de inútil?
-Devem tá dormindo. Acorda eles lá, não dá pra brincar não, daqui a pouco tem inspeção.
E lá foi Ricardinho, preparando sua "bicuda de sola" para quem se recusasse a levantar. Chegou ao lado da barraca onde dormiam o Pedro, o Lúcio e o Felipe.
- AOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO MUGANGADA! ACORDA QUE TÁ PEGANDO FOGO!!!
Os três, de sobressalto, saíram da barraca mais alertas do que o padrão. Olhando para todos os lados, Lúcio pergunta, esbaforido:
- Fogo onde?
- No fogão, sua marmota. Já viu que horas são? Ajudem a procurar o coador.
Todos procuravam o tal coador. Nada. Nisso, vinha chegando o Nicanor, que pelo visto, havia passado por uma tarefa árdua, mas necessária.
- Ei, o café já ficou pronto?
- Não Nicanor, tá quase, mas a gente tá sem o coador, ajude a procurar. Aliás, você lavou essa mão?
- Claro Ricardinho! Acha que eu sou porco?
- Ah, na boa... um cara que tem hora marcada pra dar uma sambada no intestino é capaz de tudo...
Todos caíram na risada, menos Nicanor.
- "HAHAHA" muito engraçado. Eu trouxe o coador, vou lá pegar na mochila.
Nicanor revirou a mochila. Não achou. Revirou a caixa da patrulha e nada. Nesse momento, teve uma brilhante idéia, lembrou-se do mais tradicional método de coar café do movimento escoteiro. Tirou sua meia.
- Gente, tá aqui. O Nicanor Cofee Filter - Special Sock Edition.
- Ah, para de palhaçada vai! Tá falando sério que a gente vai ter que coar o café com isso? NÃO!
- Olha Ricardinho, é isso ou perder ponto.
- Então tá vai... mas a meia tá razoável pelo menos?
- Bem, eu usei ela no jogo noturno de ontem...
- Ai...
E assim foi feito. O café foi devidamente coado com a meia do Nicanor, na frente de espectadores enojados. Em boa hora, pois o chefe da tropa já se aproximava para a avaliação.
- Atenção, patrulha Jegue! Vim avaliar o café de vocês.
A patrulha se posicionou, enquanto Jorge levava ao chefe uma amostra de sua especiaria.
- Tome chefe. Tá uma delícia, é café fresquinho, feito na hora!
- E foi tirado diretamente do "pé" - acrescentou Ricardinho, não resistindo à tentação de tirar onda.
O chefe provou. A apreensão tomou conta dos rostos dos meninos.
- Realmente, está muito bom! Mas está com um gosto incomum. Vocês colocaram alguma coisa diferente?
- AH nada não chefe, só uns "dedinhos" a mais de açúcar - disse Ricardinho, pra variar.
- CALA A BOCA RICARDINHO - Protestou a patrulha, em coro.
- Calma gente, ele só respondeu a minha pergunta - zangou-se o chefe.
- Desculpe chefe - disse Jorge - É que o Ricardinho acorda de mal humor, sempre. Uma pena que isso passe rápido, ele fala menos besteira quando resmunga.
- Olha, eu não vim aqui para ouvir discussões de patrulha. O café já foi devidamente avaliado. Volto na hora do almoço, e tratem de acalmar esses ânimos.
Quando o chefe se retirou do campo, Ricardinho comentou em tom despreocupado:
- Viram só molecada? Deu tudo certo!
- Pois é, mas vê se controla esse seu piadista interior - retrucou Lúcio.
Na manhã seguinte, os meninos entraram em consenso, decidiram que não iriam coar o café na meia. O chefe acabaria desconfiando. Resolveram inovar: adotaram um incrível método nunca antes visto em um acampamento daquele grupo. Passariam a usar o peculiar - mas eficiente - Nicanor Cofee Filter - Special Underwear Edition.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCurti demais o conto, parece que me vi acampando. oKAoKAa. Parabéns Chefe marcão!
ResponderExcluirAperto de canhota
Saps!
Amigos do Blog
ResponderExcluirExcelente, escrito por jovens vivenciado por jovens. contiuem assim. serei leitor assíduo.
Meus parabéns. me tornei um seguidor do blog
do amigo Chefe Osvaldo
E desde quando escoteiro usa coadoor? Na minha epoca o café nao era coado não, usavamos métodos escoteiros.. Usavamos uma brasa quente pra abaixar o pó.. HAUHUHAUHHUAHU' mt boa a postagem, na próxima te ajudeeei!
ResponderExcluirecelente conto e quem é que não esquece de alguma coisa na hora de acampar, em nossos acamp da tropa sênioer sempre somos obrigados a tomar café coado na meia da Eugênia mas pelo menos é meia limpa rrrrrrrrrrrrr.
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